Ontem, durante o Gartner Symposium ITXpo, em Orlando, o Vice Presidente mundial de Global Research, Peter Sondegaard, falou para mais de 9000 executivos de TI, dos Estado Unidos e de várias outras partes do mundo, e afirmou que diante da atual crise financeira mundial e da iminência de uma recessão global, eles teriam que daqui para frente, não somente agir como um CIO focado em melhoria do desempenho de TI e o seu alinhamento com o negócios, mas agora também teria que pensar como um CFO, preocupado com cada último centavo sendo investido.
Nada mais ilustrativo da situação atual e a realidade a ser enfretada do que o exemplo que citou sobre um CIO que lhe falou que a empresa para qual trabalha simplesmente rasgou o orçamento inteiro, que tinha acabado de ser concluído a 2 semanas atrás. Na visão do Gartner, o cenário mais provável é uma retraçào dos investimentos de TI, prevendo uma queda na taxa de crescimento para no máximo de 2,3 % e que no cenário mais pessimista, a previsão é de uma contração de – 2,3 %.
Segundo Sondegaard, o cenário é tenebroso e desafiante, porém não impossível de ser superado, mas que os executivos de TI terão que re avaliar completamente os seus orçamentos. Mas lembrou também, que diferentemente do que em 2001, quando o setor de TI foi visto como o grande vilão da “bolha” da internet e a corrida desenfreada para investimentos em TI sem lastro, o setor desta feita, será percebido como um dos grandes viabilizadores para que as empresas consigam navegar durante esta “tempestade” financeira e econômica.
“Agora, as empresas estão perecebendo que TI irá possibilitar a continuidade dos negócios e será a saída para conseguirem adotar modelos operacionais mais enxutos. Agora é hora de transformar as suas equipes de TI em máquinas de criação de soluções que otimização os custos operacionais da empresa. TI é quem roda o seu negócio”, lembrou Sondegaard.
Sondegaard lembrou também que o surgimento de líderes, inovação tecnológica e crescimento econômico, normalmente somente acontecem em momentos de adversidade, onde todos são empurrados a saírem das suas zonas de conforto. Ele sugeriu que as empresas olhem para para a sua área de TI de três ângulos diferentes: as questões mais importantes e imediatas, os desafios mais significativos para cada papel na organização de TI e as tecnologias disruptivas que deverão acelerar o crescimento em 2009.
Oito importante tendências merecem o foco pelas empreas e seus respectivos departamentos de TI neste momento, segundo o Sondegaard, e o mais importante, e que não é nenhuma surpresa, é Otimização de Custos. Em segundo plano, ele mencionou que deveria ser Virtuallização. De acordo com Sondegaard, este será o quesito que por si só, será a tendência de maior impacto em infra-estrutura e operações até 2010 em termos de redução de custos.
A terceira tendência que precisa ser focada é Modernização de TI. Segundo o VP da Gartner, até 2010, um terço das applicações rodando nas empresas estará obsoleta e precisarão ser modernizadas e atualizadas para condições atuais de operação e entrega.
As outras cinco áreas são Green IT, Gestão de Equipes, Business Intelligence, SOA/BPM e Multisourcing. Além de destacar estas tendências, Sondegaard também listou o que, na visão do Gartner, são as 10 ações mais importantes que as organizações e seus departamentos de TI devem realizar. E na ordem de importância são:
- Congele as contratações e o melhor é reduzir o “head count”
- Redução de custos, governança e compliance
- Considere a virtualização do máximo possível da sua infra-estrutura e operações
- Mude para uma análise permanente de projetos a partir da visão de custos
- Considere terceirização de tudo que não agrega valor e que pode ser realizado melhor e mais barato
- Se precisar, terceirize para outros destinos além mar
- Crie um processo contínuo de priorização dos projetos
- Somente considere os projetos que estejam diretamente alinhados com os objetivos principais do negócio
- Elimine tudo que não realmente esteja alinhado com a capacidade da empresa gerar receita.
- Considere mudanças de infra-estrutura e gestão que possam reduzir custos operacionais imediatmente.
Os tempos hoje são de redimensionamento, resgate, reinvestimento e foco nos investimentos com o maior retorno possível. Aja como um CIO e pense como um CFO concluiu Peter Sondegaard. E na medida que estamos aqui na terra do Disney e dos passeios radicais, fica claro a mensagem que devemos apertar os cintos de segurança, pois os “passeios” que deverão ser enfretados nos próximos 12 meses serão mais radicais que as montanhas russas mais desafiantes da Disney.
Para as empresas brasieiras de TI com foco em mercados internacionais, este momento pode representar uma oportunidade para aumentar o seu raio de ação e carteira de clientes. Para tentar capturar o sentimento dos executivos brasileiros, existe uma enquete aberta para capturar a posição de cada um deles. Ao mesmo tempo, existe um outro estudo de mercado sendo conduzido no continente norte americano com o objetivo de mapear necesssidades e prioridades de compra. Considerando que o brasileiro é Ph.D. em gerenciar adversidades, esta turbulência poderá se transformar na força motriz para a TI brasileira conquistar de vez este mercado.
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