Momentos em que mercados passam por transformações permitem e favorecem ações diferenciadas das empresas, visando, não apenas à preservação de suas atividades, mas, principalmente, ao crescimento e ao desenvolvimento de novos mercados. No que se refere a empresas de Tecnologia da Informação, as oportunidades são atraentes, pois a busca por soluções inovadoras e passíveis de reduzir custos nas operações globais está em franca ascensão, seja no mercado interno, seja no Exterior. Para as empresas realmente comprometidas a exportar seus softwares e serviços e que coloquem seus sinceros esforços neste processo, o futuro será extremamente promissor, o que é comprovado pelas informações do estudo encomendado pela SOFTEX ao instituto norte-americano Everest Institute, que afirma: o Brasil poderá desempenhar um importante papel no fornecimento de serviços de TI tanto para os Estados Unidos como para a Europa ao final do atual cenário de crise vivido pela economia mundial. Quando falamos de software, um produto que pode ser produzido em um determinado país para um cliente situado em qualquer outro lugar do globo (offshore), essa possibilidade é potencializada, e as empresas brasileiras passam a ter grandes chances de se destacarem no mercado internacional. Mundialmente, a Índia é o maior exportador de software. O Brasil, porém, tem alguns diferenciais competitivos que podem gerar benefícios em relação aos indianos. Além do fuso horário e da posição geográfica, o Brasil apresenta ausência de desastres naturais, terrorismo e conflitos étnicos, assim como estabilidade econômica e social. A isso se somam o regime (democracia) que nos aproxima culturalmente dos países compradores e a baixa rotatividade de colaboradores das empresas brasileiras. Além disso, o Brasil tem sido reconhecido por sua economia estável, tem ampla experiência em crises econômicas, é considerado o país latino-americano que menos sofrerá os efeitos da crise mundial, e seu povo é reconhecidamente flexível e aberto a outras culturas, sendo considerado um dos mais acolhedores do mundo. A pesquisa encomenda pela SOFTEX alerta que o Brasil, mais do que competir diretamente com a Índia, precisa prioritariamente demonstrar como pode se integrar à atual estrutura global de entrega de serviços de TI, lembrando que o País tem um contingente de mão-de-obra qualificado para competir com os principais fornecedores mundiais. Mas claro que apenas isso não é suficiente para o Brasil participar de um ambiente exportador altamente competitivo. É necessário que o empresário brasileiro de software se comprometa a investir em alguns itens fundamentais para o sucesso de seus negócios no Exterior e que denotam o investimento da empresa na qualidade de seus processos e na capacitação profissional de seus colaboradores, a exemplo de certificações de qualidade no processo de desenvolvimento (CMMICapability Maturity Model Integration), certificações que demonstram a qualidade dos profissionais que nela atuam (PMP-Project Management Professional e ITILInformation Technology Infrastructure Library). Outro item de suma importância é o investimento que a empresa faz no âmbito social e cultural em que atua, assim como sua preocupação com o meio ambiente. Esse é o caminho para mudança de uma realidade pouco favorável: os centros de TI brasileiros são menores do que os de outros países, com um potencial inexplorado de crescimento. Tal realidade torna também viável que empresas de qualquer porte se capacitem à exportação, desde que se preparem para tal e não negligenciem as questões ligadas à gestão estratégica, como comunicação e marketing, questões legais e tributárias, técnicas de negociação e custos com localização, entre outros. Favorecendo o processo, as empresas contam com diversos organismos, que as assessoram e as capacitam a participar de eventos internacionais, como projetos comprador e projetos vendedor, realizados pelos organismos oficiais, a exemplo de APEX e SOFTEX, além do Centro de Internacionalização de Software pelo ITSInstituto de Tecnologia de Software, agente SOFTEX para São Paulo, que realiza palestras e workshops direcionados às empresas que almejam exportar e não dispõem de know how suficiente para abranger todos os aspectos relacionados a este tema. O momento é agora. Se todos nos reunirmos e nos capacitarmos, podemos avançar no mercado internacional com sucesso, comprovando mais uma vez que crise é oportunidade e caminho para crescimento sólido e sustentável. *Luciana Paiva é a coordenadora do Centro de Internacionalização de Software do ITS -Instituto de Tecnologia de Software, agente SOFTEX para São Paulo
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